25/03/2011

Novidades...

Olá blogueiros! Devido ao longo tempo sem nos comunicarmos, tenho muitas novidades para contar a vocês. A primeira é ótima: fizemos um folder (abaixo), para convidarmos os professores de química da rede estadual de ensino, que tem aluno DV, seja de baixa visão ou cegueira total, a participar do blog. Assim sendo, iremos até as escolas e levaremos os folders até eles. A segunda, também é ótima: fruto do trabalho e empenho de todos vocês, blogueiros de plantão, o LPEQI apresentará trabalho em forma de pôster no congresso SBQ, intitulado como: Ensino de Química no Contexto da Deficiência Visual: Considerações Sobre a Formação Inicial de Professores em Ambiente Virtual. Mas nada se compara com a última: Foram publicados na revista química nova (Qnesc) dois trabalhos do LPEQI: Aula de Química e Surdez: Sobre Interações Pedagógicas Mediadas pela Visão e Algo aqui não cheira bem... A Química do Mau Cheiro.Agora, contem-nos a suas novidades e o que vocês acharam dos trabalhos. Até mais...Segue anexo, todos os trabalhos.

Painel SBQ

Trabalhos Qnesc:

Algo Aqui Não Cheira Bem... A Química do Mal Cheiro

Aula de Química e Surdez: sobre Interações Pedagógicas Mediadas Pela Visão


Folder:




21/03/2011

Experiência: aulas de Química (apoio) para deficientes visuais.

Olá pessoal,

Eu sou a Waleska Arcanjo, professora de apoio da disciplina: Química no Centro de Apoio Pedagógico à Pessoa com Deficiência Visual (CEBRAV). Venho dividir com vocês uma das grandes experiências que tenho trabalhando com pessoas que tem deficiência visual (DV). Vou começar fazendo uma pergunta. Qual a diferença de se ensinar química para aluno dito “normal” e para o aluno com DV?

Uma das diferenças é o medo e a acomodação do professor. Eu já passei por isso, sempre vem aquela velha pergunta: “Como eu vou ministrar uma aula para um aluno DV, se eu nem sei Braille!” A nem! Vou ter que preparar uma aula diferente para ele.

O primeiro contato com um aluno DV foi fascinante, pois percebi que a diferença entre um “normal” e DV em relação a capacidade física é somente a visão. Hoje em dia existem alguns recursos didáticos para os alunos “normais” e DV, já discutidos aqui pelo o Lucas e a Maria. Já em relação a capacidade cognitiva, ambos os alunos são iguais e, além disso, o esforço do aluno DV em apreender é maior que muitos alunos ditos “normais”. Mas como eu cheguei a essa conclusão? Uma resposta é obvia, o contato direto com o DV e outra foi quando eu estava ministrando a primeira aula de apoio sobre teoria atômica, quando a minha aluna DV me fez uma pergunta: você já viu um átomo? Eu respondi que não, e ela me perguntou novamente: nem pelo microscópio? Respondi novamente que não, ninguém nunca viu um átomo, teoricamente se cria a estrutura para o átomo. Mas Waleska isso não é nenhuma novidade! ela não saber que nunca se viu um átomo, ela não enxerga. Para a minha surpresa, fazendo meu estágio observatório, assistindo uma aula de química na 3º série do Ensino Médio um aluno dito “normal” fez a mesma pergunta que a minha aluna DV tinha me feito. Isso me fez parar e pensar, será que a dificuldade está no aluno ou é a disciplina que exige grande capacidade de abstração do aluno?

Essa foi uma das primeiras experiências e lição que eu tive dando aula para aluno com DV. Outra coisa que eu apreendi com os alunos DV, e que eu vou levar para minha vida inteira, foi quando eles me falaram que quase todos os professores ignoram a presença deles dentro da sala de aula, não querem saber se eles apreenderam a matéria e se apreenderam corretamente, entre outros agravantes.

Eu apreendi muito com eles e eles comigo, eles me mostraram alguns erros que os professores cometem dentro e fora da sala de aula, coisas que eu não pretendo fazer dentro ou fora da sala de aula. Devemos sempre lembrar que a educação é para todos, todos tem direito a ela, independente a quem é que seja.

Postado por Waleska Arcanjo.